Escreve muito bem, adorei ler este livro, quando a Inca teve que se ir embora, recordei muitas vezes este livro, pois era um conto de saudade, de uma saudade igual à que eu estava a sentir, por isto e mais algumas coisas (a sua poesia e ter o coração muito perto da boca) gosto dele, não gosto do camisola amarela, mas antes um bom poeta e escritor do que um mau presidente, não vou votar nele, no camisola amarela muito menos, mas nele não posso votar, porque a mim ninguém me cala!!!.
Cão como nós
Queria sempre estar connosco a sós. Ladrava ao carteiro, ao electricista, a quem quer que não fosse da casa. Cão exclusivista. Mas também actor. Quando havia visitas mudava de táctica. Com total perversidade, ele, que nunca prestava vassalagem a ninguém, escolhia uma vítima, aproximava-se devagar e encostava a cabeça a pedir festas, expressão de mágoa e súplica, como quem diz: "já que eles não mas fazem faça-mas você."
Teatro, puro teatro. Mas havia quem se deixasse levar. Uma amiga da casa chegou a dizer: "O cão anda triste, deve estar cheio de carências."
E ele enroscado na sala, a olhar de soslaio para nós, com ar de gozo.
Em momentos assim, até os meus filhos perdiam a cabeça. Então, quando as vítimas saíam, fechavam-no de castigo na cozinha. Causa perdida. Ele começava logo a uivar e a raspar.
(...)
- Fiteiro - disse eu numa dessas ocasiões.
-Como tu - retorquiu Joana, minha filha. - Tu também fazes fitas, pai, às vezes amuas para chamar a atenção ou para que a gente te dê mimos, o cão percebe isso tudo. E os manos fazem a mesma coisa. Até a mãe. O cão imita-nos a todos, tudo o que ele faz é para que se repare nele e se lhe dê mais carinho. Não é por ser cão que ele não tem sentimentos."
Cão como nós", pensei. Mas preferi calar-me. A minha filha era igual a mim, igual ao cão, igual aos outros. Nunca se deixaria vencer ou convencer. Por isso não lhe dei troco. Por comodismo. Como o cão, quando se ralhava com ele e ele fazia a parte que não ouvia e continuava a dormir ou a fingir que dormia, enroscado na sala sobre si mesmo.
Manuel Alegre - Cão como nós,
Não Fujas Mais
Há 1 semana
5 diga lá:
Olá Inca
Também li o livro e adorei, aconselhei-o a alguém que só lê livros técnicos que adorou também. Um hino ao companheirismo e num instantinho acaba.
Eu, pelo contrário vou votar nele, creio que uma pessoa com esta sensibilidade e tão alerta para os problemas poderá dar uma ajuda valiosa a este nosso Portugal.
E está na hora de termos pessoas com este valor nos mais altos postos do Estado.
Beijinho quida e não te quero influenciar, o voto é teu. Mas ainda bem que também gostas de ler o que o Manuel Alegre escreve. Saudações Alegres, eh, eh
Acreditas que a minha melhor amiga me ofereceu este livro no Natal??!?!?
Ainda não tive coragem para o começar a ler... mas há-de lá ir!
Beijocas grandes
~º(",)º~
Fernanda
Um livro lindo, sensível e de levar às lágrimas...eu pelo menos foi baba e ranho. Tocou-me mais ainda por saber o que é perder um amigo de 4 patas:(
Olá Silvia, tudo bem consigo? e com os seu meninos?
eu quando li o livro ainda tinha a minha Inca comigo por isso não senti muita tristeza, só recordei muito o livro em Abril deste ano;O(
beijinhos
Tudo bem com os meus malucos!:) A minha "sobrinha" de 4 patas - Maria Papoila é que faleceu no dia 31 e tem sido muito doloroso para todos...
Só consegui ler este livro 1 ano e meio depois da morte do meu cão Lucky, e mesmo assim....quantas lembranças:)
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