Nos meus anos o meu marido ofereceu-me este livro:
Não fosse o livro do Fernando Pessoa, para eu o recomendar de imediato, mas além disso (que já não é pouco) é uma doçura de livro, transmite uma ideia bem diferente do nosso poeta, mais humano, mais comum, mas em nenhuma circunstância banal.
Para abrir o apetite deixo aqui um pequeno excerto:
“Meu Bebezinho lindo:
Não imaginas a graça que te achei hoje á janella da casa de tua irmã! Ainda bem que estavas alegre e que mostraste prazer em me ver (Alvaro de Campos).
Tenho estado muito triste, e além d'isso muito cansado - triste não só por te não poder ver, como tambem pelas complicações que outras pessoas teem interposto no nosso caminho. Chego a crer que a influência constante, insistente, habil d'essas pessoas; não ralhando contigo, não se oppondo de modo evidente, mas trabalhando lentamente sobre o teu espirito, venha a levar-te finalmente a não gostar de mim. Sinto-me já differente; já não és a mesma que eras no escriptorio. Não digo que tu propria tenhas dado por isso; mas dei eu, ou, pelo menos, julguei dar por isso. Oxalá me tenha enganado...
Olha, filhinha: não vejo nada claro no futuro. Quero dizer: não vejo o que vãe haver, ou o que vãe ser de nós, dado, de mais a mais, o teu feitio de cederes a todas as influencias de familia, e de em tudo seres de uma opinião contraria á minha. No escriptorio eras mais docil, mais meiga, mais amoravel.
Enfim...
Amanhã passo á mesma hora no Largo de Camões. Poderás tu apparecer á janella?
Sempre e muito teu
Fernando
27/4/1920 "
O Rinoceronte do Rei
Há 1 semana
4 diga lá:
Nunca li grande coisa dele, vergonhosamente.
Tens aqui passagens mto bonitas.
Bonito, sem dúvida!
beijinhos
Fantástico!!
Descobri Pessoa há não mto tempo e tou a gostar imenso!
Beijinho grande
:)
Também gosto muito!
Beijinho
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