"...nem todos os dias são dias de olhar feliz. Estes dias raramente nos são oferecidos (daí o seu mistério) e quase sempre têm de ser construídos, desenhados, conquistados. Nesta procura do sentir a alma plena dos reflexos doces destes dias de olhar feliz, a vida, a nossa vida, mistura dor e alegria, sofrimento e felicidade, desilusão e sonho, amargura e paixão, choro e riso, ódio e amor. Assim, quando nessa busca constante O vento te rugir e a chuva cair em massa, quando o céu te fugir e sentires o teu amor em desgraça, quando o arco-íris te mentir e a sua recordação ficar laça, lembra-tedo brilho divino que vislumbraste nesta promessa de amor eterno….Lembra-te Que o vento, a chuva, o cinzento do céu, o arco-íris, as tuas lágrimas, as tuas duvidas, todos eles fazem parte do mistério da vida. Lembra-te Como Pessoa, que: “O mistério das cousas? Sei lá o que é o mistério. Único mistério é haver quem pense no mistério.”Aí ergue os teus olhos para o firmamento e procura devagar, em paz, o caminho de regresso ao vosso arco-íris de mãos dadas com o brilho intenso e mágico (quase irreal) da mais nova de todas as estrelas do céu..." LC21/06/97

26/01/2007

Eros e Psique

26/01/2007

Gosto muito deste texto do Fernandito, é um pouco diferente do normal da escrita dele, eu acho! Mas sempre que leio isto transporto-me para o mundo do sonho e da fantasia, e é tão bom.
Beijinhos e bom fim-de-semana






Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

Fernando Pessoa
Publicado pela primeira vez in Presença, n.os 41-42, Coimbra, maio de 1934

6 diga lá:

viviana disse...

lindo!!!
jokas fofas e um bom fds

Anónimo disse...

este poema é muito bonito!

Ah, e não pude deixar escapar em grande sorriso ao ver a tua Noami com o gorro. Que linda!! Aposto que ela não achou que tivesse corrido mal.

Beijinhos e bom fim de semana,
Lita

Kitty disse...

:)
Bom fim de semana
Beijinho

RB disse...

muito bonito mesmo.
fiquei a pensar...
um beijo

R. disse...

Muito bonito... como sempre.

beijinhos

Lita disse...

É muito lindo!
Dele gosto muito do poema "O poeta é um fingidor". Acho lindo e tão apropriado, às vezes até a nós próprios, não só aos poetas!

Boa semana e beijinhos grandes

Lita

 
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