"...nem todos os dias são dias de olhar feliz. Estes dias raramente nos são oferecidos (daí o seu mistério) e quase sempre têm de ser construídos, desenhados, conquistados. Nesta procura do sentir a alma plena dos reflexos doces destes dias de olhar feliz, a vida, a nossa vida, mistura dor e alegria, sofrimento e felicidade, desilusão e sonho, amargura e paixão, choro e riso, ódio e amor. Assim, quando nessa busca constante O vento te rugir e a chuva cair em massa, quando o céu te fugir e sentires o teu amor em desgraça, quando o arco-íris te mentir e a sua recordação ficar laça, lembra-tedo brilho divino que vislumbraste nesta promessa de amor eterno….Lembra-te Que o vento, a chuva, o cinzento do céu, o arco-íris, as tuas lágrimas, as tuas duvidas, todos eles fazem parte do mistério da vida. Lembra-te Como Pessoa, que: “O mistério das cousas? Sei lá o que é o mistério. Único mistério é haver quem pense no mistério.”Aí ergue os teus olhos para o firmamento e procura devagar, em paz, o caminho de regresso ao vosso arco-íris de mãos dadas com o brilho intenso e mágico (quase irreal) da mais nova de todas as estrelas do céu..." LC21/06/97

06/06/2006

A longa história do Beethoven começou em Abril de 2005.

06/06/2006

Chamaram-lhe Beethoven, mas para os amigos será sempre o Bé.
O Bé é um cão muito jovem, de porte grande, que foi encontrado na rua com a extremidade da pata dianteira direita desfeita. O senhor que o encontrou levou-o à Associação SOS dos Animais de Moura. A pata do Bé estava em muito mau estado e acabou por ser amputada. O Bé tinha todo o carinho das voluntárias da associação que o queriam ver feliz. Foram elas que tudo fizeram para o Bé encontrar uma família que o pudesse acolher.

Aquele não era definitivamente um bom sítio para recuperar a saúde e o ânimo. O espaço da associação tinha (como todos os albergues) problemas de sobrelotação e o Bé estava muito vulnerável, física e psicologicamente. Apesar disso, rapidamente o Bé se habituou à ausência de uma pata. Fazia a uma vida normal como qualquer outro cão. Poucos dias depois da primeira cirurgia o Bé conseguiu tirar o penso e os pontos abriram. Perdeu muito sangue e o seu diagnóstico era reservado. O Bé corria risco de vida.
Acabou por ser submetido a uma nova intervenção cirúrgica, a segunda no espaço de uma semana. Estava abatido, não comia e parecia não querer continuar a viver. Como um azar nunca vem só, foi-lhe também diagnosticada sarna.
No final do mês de Abril aparece na vida do Bé um senhor que, não podendo ficar com ele, se oferece para o apadrinhar, ajudando a associação a suportar as despesas com os tratamentos. O padrinho do Bé acabou por ajudar também com visitas e mimos que o Bé tanto precisava. Em meados de Maio há uma esperança para o Bé. Alguém se mostra interessado nele.
Infelizmente o Bé acaba por não sair da SOS Moura. O seu porte revela-se, neste caso, um obstáculo: o Bé é demasiado grande para o apartamento da pessoa interessada.
O Bé tinha conquistado muitos corações, mas ainda não tinha um coração só para si. Passaram-se 4 meses e o Bé continuava sem dono. Em meados de Agosto acontece aquilo que todos mais desejavam! Há duas pessoas que têm para dar ao Bé exactamente aquilo que ele precisa: amor. A Margarida e a sua filhota de 5 anos. O Bé era desejado sem preconceitos.
A Margarida explicou à filha que o cãozinho não tinha uma pata, mas ela não se importou nada com isso. Só quis saber se ele mordia por estar zangado com quem o feriu. A Margarida tinha o essencial: amor e uma família para dar ao Bé; infelizmente tudo aquilo que podia oferecer ao Bé em termos de espaço era o seu apartamento em Lisboa e os passeios diários na rua. Ela sabia que isso podia ser um obstáculo à adopção do Bé, mas mesmo assim não desistiu e aguardou firmemente a decisão da SOS Moura.
Uma coisa estava decidida: a Margarida e a sua filhota queriam mesmo o Bé lá em casa e não iam desistir. No dia 30 de Agosto a Margarida sabe finalmente que o Bé está autorizado a ir para a sua casa. Ninguém quis acreditar que o Bé tinha encontrado finalmente uma família depois de tanto sofrimento. A Margarida foi buscá-lo a Moura assim que pôde. No dia 31 o Bé foi oficialmente adoptado. Recebeu a Margarida em Moura como só ele sabe fazer e fizeram-se os dois ao caminho até à sua nova casa em Lisboa. Quem acompanhou a história do Bé sabe que este foi um dia especial para ele e para todos aqueles a quem ele roubou o coração.
No dia 11 de Setembro a Margarida partilha com aos amigos do Bé aquele que considera um dos dias mais tristes da sua vida: o Beethoven tem de regressar a Moura. “Hoje foi um dos dias mais tristes da minha vida. Depois de tanto lutar para fazer do Be um membro desta família, vi-me obrigada a ter de escolher entre ele e a minha filha. (…)
Eu acredito que os animais sentem e compreendem absolutamente tudo. Talvez tenha atingido de tal forma o significado do meu gesto que me adoptou como mãe dele. Mãe há só uma, e uma mana mais nova não dá jeito nenhum. Como o Be não tem duas patas e boca para falar, para fazer birras, gritar e atirar-se para o chão, a única forma que teve de demonstrar esse ciúme, foi passar da pura ignorância em relação à minha filha para o rosnar e, por fim, para a tentar morder.”
O Bé não iria conseguir coabitar com a filha da Margarida para quem se tornava cada vez menos tolerante. Não era possível esperar para ver as consequências... Apesar desta incompatibilidade incontornável a Margarida quis deixar bem claro que o Beethoven não é um animal agressivo. Pelo contrário, é extremamente meigo, dedicado, fiel, asseado, obediente, que se adaptou rapidamente à vida urbana, um excelente cão de guarda, em absolutamente nada diminuído pela ausência da pata.
O Bé regressou a Moura, à casa de onde tinha saído há pouco mais de 10 dias. A Margarida ficava destroçada, mas sabia que em Moura ele ficava bem entregue. Em meados de Outubro, em Moura, a cicatriz da amputação volta a abrir numa brincadeira mais atrevida com outros cães. O Bé volta a usar os seus “coletes protectores” improvisados. Estamos em Dezembro. O Bé está muito, muito triste. Continua em Moura sem um dono à vista. No Inverno aquele sítio é húmido, frio, e escuro.
O Bé precisa muito da nossa ajuda para encontrar um espaço onde possa recuperar totalmente o seu ânimo e a vontade de viver.
Quem quiser conhecer o Bé (Beethoven) pode contactar Associação SOS dos Animais de Moura AnaC - telem - 962906962 Nany - telem - 964949058
Guadalupe - telem - 963593151
E visitem também a página da Associação em http://www.sosdosanimaismoura.pt.vu/ (nova página da SOS Moura)

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